A desafiadora Travessia Bairro Alto. Acordamos em torno das 6:30, fazia um amanhecer muito bonito. Logo o Tiago saiu para fotografar o belo evento da natureza e a linda vista.

15191934372_dbe7368c85_o

Tomamos o café da manhã e partimos para o cume principal para assinar o livro. Depois seguimos para o Taipabuçu.

15005731678_6987e64027_o

Para você entender o nosso trajeto do dia anterior e dos próximos dias.

15244740901_d25ef7b83b_o

Subindo o Taipa, encontramos um casal indo para o Ferraria:
– Mais uns desocupados fugindo para a montanha no meio da semana?
Brincou o homem.
– O trabalho permite, né!
Respondeu prontamente o Tiago. Paramos por pouco tempo para conversar e contamos sobre a nossa travessia, de onde viemos e para onde estávamos indo. Eles nos desejaram boa sorte e cada grupo seguiu para seu rumo.

Eu e o Tiago chegamos primeiro ao cume do Taipabuçu I, ficamos aguardando os guris chegarem. Enquanto isso, muitas fotos.

15189257711_e5e052137c_o

15005629890_a889e24f72_o

Assim que chegaram, fomos assinar o caderno do cume no Taipabuçu II (1733 metros), por volta das 11:00, relatando sobre a nossa travessia. Para a minha surpresa, havia uma historinha do Tom e Ana.

15005726788_16f4b9cb80_o

Depois seguimos para o Caratuva. Páramos para almoçar antes de chegar ao cume para aproveitar a agradável sombra do mato.

15005725568_b25f82fb27_o

Enquanto isso, ficava admirando a vegetação. Tinham bromélias lindíssimas que eu não cansava de olhar.

15169263226_99e0c3f55e_o

15005724138_f5b3c03624_o

Assim que almoçamos, continuamos a subida ao Caratuva, passando pela “Pedra da Faca”, que era uma pedra de formato diferente que obriga o montanhista a tirar a mochila, mesmo ela sendo pequena.

15005518769_6d38ac7758_o

Um trecho um pouco mais técnico é a canaleta no final da subida para o Caratuva.

15192297115_93bfcfeff7_o

Tínhamos uma bela vista da parte que fizemos da travessia.

15005517949_34e65a2ebb_o

Chegamos ao cume do Caratuva (1862 metros), em torno das 14:00, assinando novamente o caderno com o relato do nosso trajeto.

15169276396_0fde29ef1d_o

15005719628_985968308b_o

Dali havia uma belíssima vista para o PP, onde deveríamos chegar ainda no mesmo dia.

15005623100_e56b871d62_o

Na verdade, o ideal seria chegar ainda no Itapiroca naquele dia, mas a coisa não estava rendendo até lá. Era muito mato fechado, e os guris foram com cargueiras enormes, o que fez com que eles virassem vítimas constantes das terríveis taquarinhas.

15005619900_989c03b0f0_o

Saindo do Caratuva, deveríamos pegar a “Trilha da Conquista” para chegar ao Pico Paraná.

15192293115_66ec8a247c_o

Na verdade entramos ela, mas não conseguimos seguir na trilha já que estava quase fechada. O arquivo de GPS que o Tiago recebeu tinha erro de 80 metros da trilha original. Como pouca gente passa por lá, o mato tomou conta e foi uma “novela” para encontrar a trilha verdadeira. Subimos e descemos várias vezes, andamos de um lado para outro se embretando em mato cada vez mais fechado para tentar achá-la e nada.

Resolvemos então seguir a escassa marcação por fita e chegamos em outra trilha. Não era a Trilha da Conquista, mas nos levava onde queríamos, até a água próxima do A1 (Acampamento 1).

Chegando na água próxima ao A1, que preenchi os 3L do meu Streamer, fui seguindo rumo ao cume do PP (Pico Paraná), esperando que os demais me acompanhassem. Em seguida vieram.

15005619290_1e0acfac70_o

Nessa parte da travessia, não “desgrudava” os olhos do PP, ficava admirando o gigante em todos os seus ângulos. Estava realizando um sonho, pois sempre nas minhas idas a Curitiba, quando planejava ir ao Pico Paraná a previsão do tempo marcava chuva. Mas naquele dia não tinha sinal de chuva. O sol ardia e o tempo estava muito seco.

15192291915_e427e0d50f_o

O Tiago e eu fomos seguindo a trilha de modo empolgado, pois era a minha primeira vez no PP e a primeira dele com tempo bom. E assim fomos subindo pela trilha bem batida e admirando a vista, especialmente por onde já havíamos andado.

15189264051_3cf1e381d6_o

O Fábio e o Marcelo estavam mais para trás. Quando atingimos a primeira via ferrata, eles estavam recém descendo para a via ferrata.

15191918072_9144387abc_o

15189262111_6622afea54_o

15005726487_73b0eb7d24_o

O Marcelo estava no meio do trajeto entre o Fábio e nós dois. Quando avistamos o Marcelo, perguntamos o paradeiro do Fábio e ele nos avisou que ele decidiu acampar no A2 (Acampamento 2), devido à câimbra e iria fazer companhia ao amigo por ter pouquíssima água (lá tem uma bica d’água fraca).

15005713678_0ed634db87_o

Então nós continuamos a subir ao cume racionando água. Como o ar estava seco demais, me descuidei e bebi água demais. Cada um de nós dois tinha um pouco mais de 1L para a janta e café da manhã. Além disso, na manhã do dia seguinte, faríamos ainda os cumes União e Ibitirati.

15005614720_d55797e44b_o

15191915382_9b73afc15a_o

15005725697_8ec91458b1_o

Em meio ao caminho, encontramos mais 4 pessoas de Santa Catarina. Eles também iriam acampar no cume. Como estavam em ritmo mais lento, ultrapassamos eles e chegamos primeiro ao cume para escolher um local bem protegido para o nosso acampamento, visto que não levamos o dormitório da barraca, apenas o sobreteto e o footprint (em função da diminuição de peso e volume na mochila).

Quando chegamos ao cume, ainda pudemos aproveitar o pôr-do-sol.

15169266436_13a8971124_o

Escolhemos o canto para o nosso acampamento e fomos tirar fotos do entardecer de cima do ponto mais alto do sul do país.

15005612590_3ccdacf4b8_o

15169265176_f37ae23be5_o

A sensação de estar ali no topo e ver o sol se pondo, as luzes das cidades lá longe são belíssimas.

15005505639_c65fae0edf_o

15169264566_0f71444976_o (1)

15005611660_fa676f51e6_o

15005609000_6bd8300752_o

Depois da sessão de fotos, voltamos ao nosso cantinho para montar o acampamento. Logo que terminamos, chegou o grupo catarinense.
Muito prestativo, o Tiago foi ajudar o pessoal a encontrar espaço confortável para suas barracas:
– Aqui é um bom lugar, ali também tem…
– Mas é só uma barraca! Respondeu um dos catarinenses.

Eu, que estava na porta da barraca, espichei a cabeça para fora para dar uma olhada na barraca que serviria de abrigo para os quatro marmanjos. Era uma pequena iglu de tamanho máximo de 3/4 pessoas! Tive que fazer um esforço extra para não largar uma sonora gargalhada.

O Tiago voltou e fomos assinar o caderno do cume e tirar mais umas fotos. Naquela noite ventava bastante e a temperatura baixou para 4 ºC. Fiquei insistindo para voltar para a barraca devido ao frio.

Voltamos ao nosso acampamento e ficamos fechados dentro da barraca para nos proteger do vento. Ficamos batendo papo, lendo o planejamento da pernada do dia seguinte e contabilizando o que ainda havia de água. Além da janta e café da manhã, “sobrou” uma justa quantia para fazer chá para os dois. Tirei as botas, que já apresentava um rasgo na biqueira do pé esquerdo, mas nada para se preocupar, pois a estrutura interna se encontrava boa. O direito ainda estava intacto, por enquanto…

Enquanto isso, lá fora, nossos vizinhos faziam a maior festa, com muita conversação, álcool e até maconha. Quatro marmanjos bêbados em uma pequena barraca era a legitima festa do sagu, só bola!

Assim que começaram a organizar a janta, eles receberam uma “visita” e ouvimos um deles:
– Olha, um “rato da montanha” mexendo na nossa comida!
– Não, é um gambá!

Ouvindo isso, tratamos de proteger nossa comida. De repente ouvi um barulho de animal se movimentando e da barraca se movimentando.
– Tiago, cuidado! Tem um bicho ali fora. Espanta ele, senão ele vai na nossa comida.

O Tiago levantou-se para tentar afastar o bichinho e acabou derrubando a panela com o chá quente. Foi uma confusão! Era o Tiago abanando nas frestas da barraca e eu tentando levantar a panela Virou um pouco de água no footprint e o saco de dormir. Molhou um pouco na parte externa, mas foi apenas em um canto. Logo ele secou por completo por conta da baixa umidade do ar.

O animalzinho voltou a perturbar nossos vizinhos, que passaram a dar comida para ele. Comida e pão com uísque para ele inclusive. O que além de prejudicar o animal ainda acostuma a fauna local a ir em busca de mais comida nas barracas.

Colocamos tudo dentro dos sacos estanques, até o lixo, para impedir que o cheiro atraísse a desagradável visita. Deixamos para fora somente o material do preparo da janta.

Assim que começamos a fritar a calabresa, apareceu pela fresta da barraca uma carinha marrom muito bonitinha. Era o gambá, que depois fomos descobrir que, na verdade, era uma Cuíca. O Tiago voltou a afastá-la. Terminada a janta, viramos a panela para baixo e guardamos o resto do alimento.

15008407439_5eb6aeee39_o

Durante o sono, qualquer barulho acordava achando que fosse a Cuíca fuçando nas nossas coisas, mas não, era o vento. Acho que o animalzinho foi dormir, graças ao trago que nossos vizinhos deram. Imagina a ressaca que o bicho teve depois!

Aquela foi uma noite longa, os vizinhos fazendo festa, o vento forte. Sonhei até com a Cuíca foi dormir conosco no saco de dormir.

Dados do 2º dia da travessia:
Distância: 11,24 Km a pé.
Altimetria: 1343 metros de aclive acumulado e 1210 metros de declive acumulado.

15005482019_1566d42516_o

Google Earth:

15189235061_2a6abd2f73_o

Texto: Luciana Gomes Moro
Fotos e dados: Tiago de Pellegrini Korb
Site: www.clubetrekking.com.br

Relato do primeiro dia:

A desafiadora Travessia Bairro Alto x Marco 22 PR, 1° dia.

1 Comment

  1. Claudio de Almeida 13/04/2017at16:56

    Olá! Parabéns pela bela aventura e pela clareza e detalhamento do texto! Sou um entusiasta de atividades de trekking e hikking, além de backpacker esporádico.
    Sou de Curitiba e tenho observado que as publicações nacionais são bastante esparsas e superficiais sobre essas atividades. Essa página se destaca positivamente nesse contexto.
    Peço que continue mantendo essa publicação e enriquecendo a cultura brasileira sobre atividades naturais.
    Ainda estou lendo os textos desta página, mas gostaria de verificar a possibilidade de que seja dado destaque sobre as normas e recomendações no contato com cursos de água, cuidados com resíduos, incêndios e outos comportamentos éticos para os amantes destas atividades na natureza. Caso já tenha algo publicado, e eu não tenha visto, peço desculpas.
    Obrigado e parabéns.

    Reply

Leave A Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *