Toda viagem inicia muito antes de acontecer de fato. Começa quando você fica sabendo da existência de qualquer lugar que por algum motivo lhe agrada e lhe chama à atenção. Independente de gostos e preferências, toda aventura começa assim, você passa a imaginar como seria estar naquele local, passa a ler e pesquisar, sua imaginação vai à frente, talvez até em seus sonhos aquele lugar venha a aparecer. Nesses tempos modernos em que vivemos, com o grande número de recursos virtuais e grande quantidade de informação e ferramentas que temos livre acesso, fica fácil visualizar qualquer área e arquitetar tudo que envolve a vigem.

Planejar um Trekking de longa duração requer muita atenção, são muitas coisas para pensar, mapas, acessórios, moeda, idioma, mochila, roupas, alimentação, água, transporte, etc. A lista e a complexidade ficam ainda maiores quando o objetivo é ter pouco conforto e muita aventura, pois se a intenção for a de acampar durante a viagem não há como ser diferente disso, então, é preciso ir preparado para tudo que possa acontecer, chuva, frio, calor, umidade, vento, insetos e até mesmo ratos.

Este relato tem por objetivo apresentar os principais aspectos de uma viagem feita para Patagônia, em parceria com meu amigo Paulo Adair Manjabosco. Tive a preocupação de levar em nossa aventura um pequeno caderno de anotações para registrar nosso dia-a-dia. Hoje relendo o diário percebi que muitos detalhes estavam caindo no esquecimento. Como é bom relembrar e reviver cada momento, as paisagens, os fatos engraçados, os difíceis e todas as alegrias vivenciadas.

Nas páginas a seguir você poderá conferir os detalhes, as fotografias dos locais visitados como se estivesse ao nosso lado no fim de cada jornada. Minha expectativa é que você que está lendo isso, volte no tempo e refaça os caminhos junto com a gente, que a cada página lida você fique com vontade de ler à próxima, pois numa viagem como essa cada dia é único, mesmo que alguns fatos se repitam. Espero conseguir transmitir aqui os acontecimentos com a mesma emoção e entusiasmo que vivemos nos dias em que passamos na maravilhosa reserva natural situada entre o Chile e a Argentina.

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O Trajeto – Torres Del Paine

Nossa intenção desde o início do planejamento da Aventura era realizar o circuito “O” do Parque Nacional de Torres Del Paine, na Patagônica Chilena. O trajeto mais completo e mais selvagem do parque, o circuito “O” circunda toda extensão do maciço Paine através de trilhas e estradas onde a cada passo você pode contemplar um visual simplesmente sensacional. Há também o circuito “W”, este é um trecho mais turístico e conta com uma infraestrutura de pousadas e restaurantes que oferecem muitas opções e conforto para o aventureiro, o único “porém”, é que o preço aumenta consideravelmente se comparado àqueles que optam por apenas acampar e carregar toda sua alimentação, como foi o nosso caso.

No entanto, não pense que o circuito “W” se torna mais fácil por conta dessa infraestrutura citada, muito pelo contrário, este trajeto, embora seja mais curto se tratando de quilometragem que o circuito “O”, apresenta os trechos de maior aclive, dificuldade e ventos. A subida até o Mirante “Las Torres”, por exemplo, um dos pontos altos do trajeto “W” é uma trilha íngreme em meio às árvores, pedras e belíssimos bosques, e a subida final é de acabar com o fôlego até mesmo de pessoas que estejam com ótimo preparo físico, mas o visual, acreditem, é revigorante. Ainda falando do circuito “W”, temos a subida até o Mirante Britânico, que, como não podia ser diferente, também apresenta visual sensacional de montanhas e paredões do maciço Paine, uma beleza natural quase indescritível. E pra finalizar o circuito “W”, quem vai em direção ao Refúgio Grey terá que enfrentar de frente os fortes ventos vindos do Glaciar Grey, ao passo que os aventureiros que percorrem o circuito “O” enfrentam estes fortes ventos pelas costas.

Quem faz o circuito “O”, naturalmente realiza o “W” também, que foi o nosso caso. Nossa intenção era fazer o percurso em cinco (5) dias de caminhada, percorrendo os “senderos” (trilhas) através dos acampamentos de apoio e caminhando em média 25 km por dia, considerando os tradicionais 128 km totais do circuito “O”. Uma vez planejada a aventura, optamos por fazê-la no sentido anti-horário, iniciando pelo Refúgio Central e Acampamento Camping Torres, seguindo para o Norte em direção ao Acampamento Serón, e assim sucessivamente. Abaixo o mapa com os trajetos que realizamos dia a dia marcados por GPS Garmin Etrex 30 e o mapa turístico apresentando todas as trilhas, os nomes e os locais que acampamos.

Mapas de Torres Del Paine

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Mapa Circuito “O” e “W” Parque Nacional Torres Del Paine
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Mapa Turístico Torres Del Paine

Transcrição do diário da viagem por: Cristiano da Cruz e Paulo Adair Manjabosco

Data do Relato: 15 a 30/03/2014

Texto e Fotos: Cristiano Da Cruz

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Contato: www.indiadabuena.com.br

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