Minha paixão por tartarugas começou muito cedo, desde pequena sempre tive uma afeição muito grande por esses bichinhos. E por sincronicidade (porque não acredito em coincidências), meu primeiro voluntariado voltado para a conservação, foi com tartarugas marinhas.

Pesquisando oportunidades de voluntariado vi que estavam abertas as inscrições para participação em um projeto chamado Caminho Marinho

“Caminho Marinho é uma iniciativa que busca a convivência harmônica entre seres humanos e tartarugas marinhas em um ambiente saudável sob uma abordagem ecossistêmica – um ambiente economicamente viável, ecologicamente sustentável e socialmente justo. Para isso, Caminho Marinho visa a conectividade entre Pesquisa e Extensão e Ensino como método principal para este objetivo, sob nossos três pilares: Pesquisar para Conhecer, Estender para Compartilhar e Ensinar para Multiplicar.” (Fonte: site Caminho Marinho)

O projeto possui base em Rio Grande (RS) e Itapirubá (SC) e no momento da inscrição para o voluntariado é possível escolher em qual base você gostaria de atuar.

Confesso que no momento da inscrição não sabia exatamente como seria a rotina e o que iria fazer exatamente, mas saber que teria contato com as tartarugas marinhas já me deixava bastante empolgada.

Todos os meses são abertas inscrições para os meses subsequentes, o período de voluntariado é de 30 dias. Para realizar a inscrição basta entrar em contato com o projeto através do Instagram @caminhomarinho.oficial ou do whatsapp (53) 999019023 que eles passam todas as orientações.

Fiquei muito feliz ao receber o contato informando que eu havia sido selecionada para participação do projeto no mês de março. 

Durante o período de participação os voluntários, estagiários e coordenadores moram todos em uma mesma casa, e essa experiência de compartilhar a casa e rotina com pessoas de lugares diferentes do país, e de fora do país também, já é um aspecto super bacana, um intercâmbio cultural.

As atividades na base de Itapirubá, que foi a que eu escolhi para participar, consistem no monitoramento das tartarugas, e também na captura intencional para biometria, identificação, coleta de material genético e sangue.

O monitoramento das tartarugas é feito em pontos pré determinados, são planilhados dados das condições meteoceanográficas (temperatura, pressão atmosférica, vento, direção do vento, maré, ondulação…) e é realizada a contagem de quantas tartarugas são avistadas em um mesmo ponto em um período de 40 minutos.

A importância da conservação e da conscientização da comunidade local, pescadores e turistas fica evidente quando são comparados os dados coletados ao longo do tempo, por isso esses monitoramentos são tão importantes. Ao longo de 10 anos houve um aumento de 40x no número de tartarugas avistadas nestes pontos de atuação do Caminho Marinho e isso se deve também ao esforço e conscientização mundial com relação à relevância da proteção de todas as espécies.

Os monitoramentos servem também para “calibrar” nossos olhos, no sentido de conseguirmos perceber, com mais facilidade a presença dos animais, o que vai contribuir para as atividades de captura.

Não dá pra negar que o momento das capturas é sempre o mais esperado para quem participa do projeto. E na base de Itapirubá, as capturas acontecem de forma concentrada em uma semana, pois é quando o diretor do projeto Gustavo (mais conhecido como Baila) se desloca da base de Rio Grande para a base em Santa Catarina.

A semana de capturas foi uma das semanas mais intensas da minha vida, sem exageros. Isso porque são dias de muito aprendizado, muitas informações novas são passadas, muito conhecimento, e também dias que demandam energia física e capacidade de estar atento, em estado de alerta por longos períodos.

Nesses dias aprendemos como segurar uma tartaruga, estabilizar elas após a retirada da água, realizar as medições e identificações biométricas, anilhar, identificar os organismos presentes no corpo do animal, e também um pouco sobre o ciclo de vida delas.

Mas o aprendizado não se resume às tartarugas, aprendemos também como segurar uma rede de pesca (a que usamos é uma malha especial para a captura de tartarugas), quais são os tipos redes, como se comportar dentro do mar com equipamento de pesca, utilização de equipamentos de mergulho e também toda a questão psicológica de estar em estado de atenção para tudo o que está acontecendo ao redor.

E claro que, além de toda a experiência com as tartarugas e com o grupo, foi possível também aproveitar as praias da região e as belezas das paisagens naturais.

Essa foi minha primeira experiência prática, de campo, com manejo de animais, e é uma sensação maravilhosa ter esse contato mais próximo e poder fazer parte dessa missão tão importante que é a conservação.

E você, gostaria de poder ter contato com alguma espécie? Já teve experiências voltadas para a conservação? Conta pra gente!!

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