O curso realizado nos dias 25 e 26 de maio em área natural selvagem, nas proximidades do município de Farroupilha/RS, contou com uma patrulha de seis guerreiros, dentre eles um instrutor altamente qualificado em situações de sobrevivência na selva.

Os bravos alunos foram devidamente instruídos a cumprirem com os seguintes objetivos: apurar seus sentidos; usar conhecimentos de sobrevivência e muita criatividade; empregar técnicas de esportes de aventura; desenvolver resistência mental; trabalhar muito em equipe; superar obstáculos e desníveis naturais; cumprir travessia de elevado nível técnico; encontrar água, filtrar e purificar; encontrar e preparar alimentos; produzir fogo; construir e dormir em abrigo natural; navegar e orientar-se no terreno em formação tática; aprimorar habilidades manuais; produzir lança; preparar armadilhas para captura de animais; utilizar o máximo de recursos encontrados na selva para a sobrevivência; desenvolver raciocínio prático para solução de problemas; fortalecer sintonia com o ambiente natural; aguçar sentidos para trabalho noturno na selva.

A cada aluno fora permitido levar consigo apenas alguns itens, tais como faca de sobrevivência, facão de mato ou machadinha, pederneira, caneca metálica, 10 metros de cabo resistente, luva de mato, roupas resistentes, pequena porção de comida e água. Para o cumprimento da missão, o instrutor garantiu monitoramento constante da saúde e segurança da patrulha, carregando consigo estojo completo de primeiros socorros, cobertor térmico e equipamento de radiocomunicação.

Sobrevivência em áreas remotas

As atividades realizadas durante o curso aconteceram em ritmo dinâmico, de modo igual para cada participante, respeitando, sem dúvida, as limitações de cada um. No entanto, todos foram encorajados e buscarem o seu máximo potencial, sem diferenças, colocando à prova suas habilidades e resistências físicas e mental.

Exercícios físicos fizeram parte de todo o treinamento, para manter o corpo aquecido e preparado, para manter a frequência de batimentos cardíacos, e a moral do grupo alta (logo se dará atenção importante a esse aspecto). O plano de atividades foi executado pelo instrutor em ritmo paramilitar, ou seja, através de um cumprimento disciplinar, de modo a fundamentar a organização e atuação do grupo.

De fato, a patrulha pôde ter êxito muito em decorrência desse ritmo estabelecido. Vale lembrar que, por exemplo, em alguns relatos de sobrevivência o guerreiro teve de manter uma certa rotina programática para garantir o seu desenvolvimento num ambiente extremo.

Sobrevivência em áreas remotas

Sobrevivência em áreas remotas

Sobrevivência em áreas remotas

Sobrevivência em áreas remotas

Outra lição importante diz respeito a manter a mente ocupada. Desligar-se da própria superação e deixar-se abater são ingredientes devastadores. O trabalho é duro, árduo, pesado, cansativo e praticamente permanente. Dificuldades extremas são encontradas e é preciso encará-las de frente. Dores físicas, emocionais podem estar presentes. Ora, uma metáfora infalível para o que é a vida.

A sede, a fome, o frio e a exaustão devem ser subjugados. A sobrevivência é uma aventura. Do latim, ad venture significa o que vem pela frente. Ou seja, para sobreviver é preciso estar preparado para o que vier. Manter a mente aberta e estar disposto a novos paradigmas, diferentes formas de pensar, agir e interagir consigo e com os outros também foram objetivos atingidos no curso.

Para esse tipo de atividade, cada guerreiro encontra-se com seus próprios instintos, medos, aflições, receios, vaidades, autoestima. Para isso, ao deparar-se com essas e tantas outras características naturais do ser, cada um é estimulado a descobrir também os seus instintos criativos e potenciais essenciais, que podem estar adormecidos.

Já foi descoberto que o corpo responde de maneira diferente quando exposto a ambientes extremos, pois a fisiologia precisa trabalhar criativamente. As situações adversas estimulam o guerreiro a pensar em alternativas, novas possibilidades, encontrar chances, oportunidades, inventar, reinventar, elaborar estratégias, saídas e planos de ação. Nesse ínterim, o aluno pode reconhecer onde se sente mais à vontade, quais atividades consegue exercer com destreza, seus conhecimentos já adquiridos e suas características e habilidades pouco desenvolvidas.

Pode-se dizer que os bravos alunos demonstraram, acima de tudo, iniciativa para encarar as atividades propostas. A grande diferença entre ganhar ou perder, preocupar-se com certo ou errado, está na capacidade de enfrentar os desafios. Pode parecer simples ou pequeno, mas para alguns essa atitude exige grande esforço. Portanto, devem ser valorizados os pequenos atos de iniciativa.

Aliado a um senso de cooperação mútua e incentivo constante por parte do instrutor, o grupo pôde se sentir confiante para continuar persistindo nos desafios da selva. Nunca se estará cem porcento preparado, mas a atitude diante do desconhecido e das incertezas faz a diferença na qualidade do desenvolvimento pessoal.

Aliás, nos primórdios da história da humanidade, as grandes descobertas foram alcançadas após incessante trabalho de tentativa e erro. A sobrevivência na selva dos tempos atuais não é muito diferente, salvo proporções tecnológicas. Quer dizer, não se encontrará mágica para as dificuldades. O labor é penoso, pepita por pepita. Já diziam os sábios alquimistas: a opus é contra a natureza. A grande obra, seja ela qual for, neste caso podemos falar na grande obra que é sobreviver, não se conquista através de facilidades ou caminhos conhecidos. Pelo contrário, encarar situações adversas, condições desconfortáveis, coloca a opus a serviço de uma natureza mais ampla. Aprender a lidar com as dificuldades aumenta as chances de o sobrevivente sentir-se bem novamente, pois a harmonia com o ambiente natural selvagem lhe concede autoconhecimento, vigor e garra.

No curso, a patrulha de guerreiros colocou-se em exercício de participação e colaboração mútua constantes. Para que o andamento do treinamento seguisse seu plano, todos tiveram tarefas a cumprir e deveres para a vida comum do grupo.

Sobrevivência em áreas remotas

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Sobrevivência em áreas remotas

Auxílio, respeito, trabalho em equipe, boa interação foram fundamentais para o pleno desenvolvimento do curso. Para que uma boa aventura aconteça é preciso, acima de tudo, “brincar”. Ou seja, aproveitar o que está sendo vivido, manter uma atmosfera bem-humorada e basear as relações em espírito de amizade. Assim, a moral não cessa. Não só o guerreiro sobrevive, mas o trabalho que através dele é destinado. O trabalho que sobrevive é a conquista que cada um retribui para o mundo.

Ter coragem e coração pelo que se faz, aliar-se em espírito de equipe, colaborar mutuamente, agir com comprometimento, respeito e responsabilidade, curtir a vida selvagem e preciosa, a maior dádiva divina, estas são lições que foram reacendidas, pois já estão há muito esquecidas pela sociedade. O contato com o mundo natural faz lembrar aquilo que é essencial, sem gastos ou exageros. A patrulha pôde ensaiar o que é a vida em comunidade e como podemos adquirir novas formas de construir a vida humana em comum, florescer relações saudáveis e reanimar pessoas confiantes da sua própria natureza.

Sobrevivência em áreas remotas

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Palavra do Instrutor:  “Parabéns aos guerreiros Adriano, Flademir, Celso e Gilvani, e à guerreira Agnes pela conclusão com excelente aproveitamento do primeiro Curso de Sobrevivência Avançado.”

Texto escrito pela aluna do curso Agnes Andreoli, psicóloga especializada em comportamento. 

1 Comment

  1. Ereni Junior 30/08/2020at14:45

    Ainda não tenho um nível avançado de sobrevivência na mata, mas tendo um curso inciante/intermediário, gostaria de participar. Conheço outras pessoas que também se interessariam.

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