Na nossa trip de motorhome tivemos o prazer de conhecer o Inhotim, em Brumadinho, que é considerado o maior museu a céu aberto do mundo, mas acho que a definição “museu” é muito restrita para a grandeza desse lugar. 

Logo que iniciamos o planejamento da viagem, tratei de ver a exata localização do museu, para ver se estava próximo da nossa rota, e, pra minha alegria, estava. =)

Tenho que confessar que museus não costumam ser meu primeiro ponto de interesse ao escolher um destino, mas esse é especial, pois mistura a arte com o ambiente natural, e é só falar em natureza que meu alerta de interesse já acende. 

O Instituto teve sua abertura à visitação pública em 2006, sendo que antes disso, desde 2002, já existia para fins de exposição, educação e conservação da arte.

Área do Inhotim

Vou contar um pouco da grandiosidade desse lugar e talvez vocês entendam. 

O tamanho total da propriedade de Bernardo Paz, o idealizador do Inhotim, é de 786 hectares, uma área riquíssima da Mata Atlântica e Cerrado. Desta enorme propriedade, 440 hectares são de área de preservação, 250 hectares são uma RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural), sendo que mais de 140 hectares de toda essa propriedade são a área de visitação do museu.

O reconhecimento de um Jardim Botânico

Esse tamanho todo, e também a diversidade natural proporcionada pela região fazem do Inhotim também um Jardim Botânico, com mais de 4300 espécies em cultivo. O reconhecimento do espaço como Jardim Botânico foi concedido pelo Ministério do Meio Ambiente em 2011.

Falando especificamente da parte de arte contemporânea, hoje são 23 galerias, com mais de 560 obras de 60 artistas de 38 diferentes países.

Inhotim e a Pandemia

E é claro que para poder conhecer e apreciar toda essa área, um dia só não é o bastante. Recomenda-se no mínimo dois (o ideal são 3) dias de visita para que se possa ver tudo, ou quase tudo.

Foi o que fizemos, compramos nossos ingressos antecipados, pois com o protocolo de prevenção da Covid, o público máximo para visitação diária é de 1500 pessoas. Pasmem, o recorde de visitas em um único dia foi de 11229 pessoas. Então, visitar o Inhotim em tempos de pandemia é um “privilégio”, pois é uma paz incrível.

Mas, também por conta dos protocolos de prevenção à Covid, algumas obras estavam fechadas para visitação, provavelmente por envolverem interação, toque…

Ah, e ter o mapa em mãos e um bom navegador (no caso o Gustavo) ajuda muito a otimizar os dias de visita e conseguir olhar tudo, ou quase tudo.

Visitando o museu

No primeiro dia de visita a quantidade de espécies diferentes de palmeiras me chamou muito a atenção, e fui pesquisar quantos tipos tinha por lá. Para minha surpresa, a minha admiração não era sem causa, pois o Instituto possui uma das coleções mais relevantes de palmeiras do mundo, contando com mais de 1500 espécies catalogadas.

Além da parte botânica ser exuberante, os animais que circulavam por lá também encantavam, além dos pássaros, gansos, esquilos e saguis fazem desse território a sua morada e podem ser admirados pelos visitantes.

É importante ir com a mente aberta e estar preparado para lidar com mil sensações e sentimentos, pois cada uma das obras e galerias, e até mesmo o caminhar em meio à natureza, despertam diferentes impressões. Algumas obras permitem a interação do visitante, proporcionando uma experiência única.

Lembro que numa das galerias, havia exposição de várias fotos que retratavam a vida na periferia e um som muito alto de fundo, o que despertou em mim uma agitação. Em outra obra, 40 caixas de som são posicionadas em uma grande sala, cada caixa reproduz a voz de um integrante do coro de Salisbury (Reino Unido), a sensação e a sonoridade é diferente em cada ponto da sala. 

Inhotim é sensorial

O Sonic Pavillion é uma das galerias mais inusitadas do museu, na minha opinião. Uma obra do artista Doug Aitken que vista de longe parece até um disco voador estacionado no topo do morro.

Mas a obra não tem nada de espacial ou extraterrestre, muito pelo contrário, ela vai, literalmente, nas profundezas da terra. Isso porque ela possui um orifício de 202 metros de profundidade, equipado com microfones, que captam os sons da terra, que são transmitidos em tempo real para os visitantes da galeria. Uma experiência única.

Olhar atento e questionador

O olhar atento e questionador é muito importante nessa visita pois cada artista traz questões muito fortes em suas manifestações, percebe-se um olhar muito crítico com questões ativistas, tanto pela natureza, quanto pelos índios, que nos fazem sair de lá mais reflexivos.

E pra minha alegria, e do planeta inteiro, o Instituto tem uma preocupação muito grande com o meio ambiente, além de contarem com uma área específica de pesquisa, têm uma grande preocupação com os recursos hídricos e afluentes, com a fauna, com a destinação correta dos resíduos sólidos, e realizam a compostagem (saiba mais sobre compostagem) dentro do próprio Inhotim.

Caso você tenha gostado desse breve relato, gostaria de conhecer melhor o Instituto, as obras, e muitos detalhes, mas não tem como ir até lá, tenho uma notícia bem legal: tem uma série documental no Netflix que fala sobre o Inhotim, uma visão dos próprios curadores e entusiastas. Aliás, mesmo se você  já visitou, é um outro olhar, super recomendo!!

Daria pra passar muito tempo aqui falando sobre esse lugar incrível, mas nada se compara à experiência de cada um, então, se tiver a oportunidade, visite o Inhotim.

E quem já visitou, qual a lembrança mais forte? Qual a obra mais marcante?


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2 Comments

  1. Pedro 24/11/2021at09:10

    Inhotim é um sonho tão grande que tenho certeza que vou realizar. Parabéns pelo texto e pelo passeio!

  2. Renata 24/11/2021at09:16

    Um retrato lindo e abrangente, parabéns!