O movimento hippie pode ter sido a cara dos anos 1960 e 1970, mas não ficou parado no tempo e fincou raízes em diversos países do mundo. Da Austrália ao Brasil, várias comunidades mantêm hasteada a bandeira “Paz e Amor”. Muito mais do que lugares de resistência, elas viraram pontos turísticos, atraindo pessoas que querem conferir de perto o estilo de vida “flower power”. Alguns outros lugares, como Essen, na Alemanha, sediam festivais emblemáticos tanto para os hippies mais jovens quanto para os veteranos.

Conheça esses lugares onde a paz, o amor e a vida simples e integrada à natureza são as regras básicas do dia-a-dia.

Alemanha

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Flickr/Wolfgang Sterneck

A cidade de Essen, na Alemanha, sedia o Burg Herzberg Festival, famoso evento musical hippie realizado desde 1968. Apesar de a maioria do público ser formada por jovens, é muito comum encontrar hippies da velha guarda. O clima é de Woodstock: shows ao ar livre, barracas de camping e uma programação extensa.

Desde que começou a ser realizado, o festival hippie acontece durante três dias.

Argentina

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Flickr/ Walter Funk

Um paraíso hippie na Argentina. Assim é San Marcos Sierras, cidade a 153 quilômetros de Córdoba e com pouco mais de três mil habitantes. Produção agrícola orgânica é apenas uma das características dessa sociedade “alternativa”.

A fama de San Marcos nasceu nos anos 1960, quando muitos artesãos, integrantes de comunidades hippies, se instalaram ali. Hoje, a cidadezinha já tem algumas regalias da modernidade, mas o clima de paz e amor permanece. Os artesãos continuam na vila, que, além de Capital do Mel, também ganhou os títulos de Território Não Nuclear e de Proteção à Natureza.

Entre os points hippies de San Marcos Sierras está o Cerro de la Cruz, morro que tem um mirante para avistar os vales da região. A subida não é fácil, mas o esforço é compensado. Os “novos hippies” que passeiam por San Marcos também curtem as margens do rio que dá nome à cidade; elas ficam cheias aos finais de tarde.

Nesse roteiro Paz e Amor, o Museu do Hippie é programa obrigatório. Localizado em uma casa com teto em forma de cogumelo, ele é o único do mundo com esse estilo. No acervo estão objetos que remetem à cultura “flower power”, como capas de discos, pôsteres, instrumentos musicais, roupas e acessórios. O Museu do Hippie tem visitas guiadas todos os dias, menos terça-feira, das 10 às 14h, e das 17 às 20h30. Mais informações por e-mail: museohippie@yahoo.com.ar

Austrália

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Flickr/ Mardi Grass 2010

Conhecida como Capital Alternativa da Austrália, a cidade de Nimbin está situada aos pés de um vulcão extinto. A cidade do Estado de New South Wales conquistou fama internacional em 1973, quando sediou o Festival de Aquário e atraiu hippies do mundo inteiro. Escritores, artistas, músicos e ambientalistas passaram a considerar Nimbin um paraíso sobre a Terra.

Todos os anos, no primeiro final de semana de maio, a cidade sedia o MardiGrass, festival que tem como bandeira o fim da proibição da maconha em toda a Austrália.

Brasil

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Famoso reduto hippie dos anos 1960 e 1970, a praia de Arambepe, a cerca de 45 quilômetros de Salvador,  foi visitada no seu auge por famosos, como Janis Joplin, Mick Jagger, Caetano Veloso e Gilberto Gil. A atividade principal da aldeia hippie ali criada, a primeira de que se tem notícia no Brasil, ainda é o artesanato. A defesa da ecologia é uma de suas bandeiras. Um exemplo é a ONG S.O.S Rio Capivara.

Arambepe ainda está lá, o espírito de paz e amor permanece, mas hoje a aldeia tem como vizinhos resorts, pousadas e uma base do projeto Tamar, o que atrai muitos turistas para a região e atrapalha o clima de refúgio. Os fãs de surfe podem levar a prancha, já que as praias ao norte de Arambepe têm ótimas ondas. A Praia do Piruí também é uma boa dica para os que querem mergulhar em uma grande piscina natural com águas límpidas.

Os que não quiserem ficar em pousadas mais tradicionais podem tentar acampar nos quintais de alguns moradores que disponibilizam essa opção. Mas a experiência é rústica, com direito a banheiro no mato e banhos de rio em vez de chuveiro.

Dinamarca

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Flickr/ Alice

Christiania, também conhecida como Freetown Christiania, fica em Copenhagen, capital da Dinamarca, perto do centro da cidade. É, na verdade, um bairro que se declarou comunidade autônoma. Cerca de 850 pessoas vivem lá, em um espaço de 34 hectares situado dentro de uma área militar.

A independência é tamanha que Christiania tem sala de cinema, estação de rádio, canal de TV, loja de souvenir, mercado de frutas e  vegetais orgânicos, restaurante natural, entre outros estabelecimentos. A meditação e a ioga são bem populares por lá. Por muitos anos, Christiania teve também o seu próprio grupo de teatro, o Solvognen. Até hoje, a comunidade dinamarquesa é atração turística e recebe visitantes do mundo inteiro.

Espanha

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Flickr/ Szarhine

Ibiza já foi o maior paraíso hippie, primeira parada rumo à Índia. Atualmente, tem a feira hippie mais famosa do mundo, Las Dalias. A feirinha acontece todos os sábados, das 10 às 20h, entre 1º de maio e 31 de outubro. Ali é vendido de tudo um pouco: roupas, joias, sândalo, instrumentos musicais exóticos, CDs de artistas de todas as partes do mundo, tecidos decorativos, estátuas, antiguidades hindus, cangas, livros e muito mais.

O Las Dalias também conta com restaurante e outros pontos de alimentação. Artistas de toda Ibiza se encontram por lá nas noites de sexta-feira, durante o verão, assim como pintores e escultores aproveitam o espaço para mostrar seus trabalhos ao público. No Natal, a parte interior da feira fica aberta, vendendo móveis, lembrancinhas, artesanato e moda.

A Família Arco-Íris da Luz Viva

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O país que viu o movimento hippie dar os seus primeiros passos tem uma comunidade itinerante muito conhecida por lá. A Família Arco-Íris da Luz Viva, também chamada simplesmente de Tribo do Arco-Íris, é uma associação internacional formada por várias pessoas que estão em busca do estilo de vida hippie. Todos que participam do grupo se referem a ele simplesmente como “a família”.

O primeiro encontro aconteceu em 1972. De lá para cá, a comunidade se instala em vários locais dos Estados Unidos, uma vez por ano, no começo de julho. Sempre acampados. Outros encontros regionais e nacionais são realizadas durante o ano inteiro, inclusive em alguns outros países do mundo. Em 2011, a trupe ficará acampada em Washington (para maiores informações, consulte o site).

Os maiores encontros da Tribo do Arco-Íris representam grandes desafios de logística, com a presença de até 30 mil pessoas. Alimentação, água, saneamento, cuidados médicos, entre outros, são fornecidos para todos. Por causa do número grande de participantes, os acampamentos da Tribo do Arco-Íris são sempre separados por setores. Há uma parte destinada às pessoas que vão com crianças, outra especializada em servir chás de ervas e até uma parte reservada aos que querem discutir fundamentos cristãos.

Texto: Fernanda Castello Branco

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