O Parque Estadual do Marumbi é um complexo de montanhas localizadas na Serra do Mar no estado do Paraná, região sul do Brasil.
A minha aventura começou no dia 31 de Agosto/2018, na cidade de Caxias do Sul/RS, fui convidado pela empresa de Turismo de Aventuras Sol de Indiada a fazer o que é hoje a trilha mais difícil do Brasil, realizada em um dia.
Saímos da cidade de Caxias do Sul por volta de 2:30 horas da manhã de sexta feira com 3 carros, a primeira parada foi para o café da manhã em Lages/SC, nada melhor que tomar aquele café da manhã especial vendo o sol nascer.
Embarcamos nos carros e seguimos viagem, rumo ao Paraná, descemos a Serra da Graciosa e paramos para almoçar no restaurante Casa da Graciosa na cidade de Quatro Barras/PR. Recomendo muito esse local, simples, aconchegante e muito bom.
Dali em diante seguimos para a Estação Ferroviária Engenheiro Lange, a estrada que leva para a estação é um tanto íngreme, não recomendada para veículos sem tração 4×4, essa estrada também faz parte do final do Caminho de Itupava.
Na estação Lange era hora de tirar as mochilas dos veículos 4×4 e colocar nas costas, seguir por uma trilha demarcada em meio a mata até a Estação Marumbi, a trilha tem aproximadamente 1000 metros de distância, um caminho fácil, mas muito bonito.
Já na estação do Marumbi, deixamos as mochilas cargueiras na administração da estação e seguimos com as mochilas de ataque para explorar o primeiro caminho, a trilha do Rochedinho. Essa trilha é nível fácil, sem grandes obstáculos, mas é necessário atenção de quem a percorre, pois em alguns pontos você passa por algumas cristas de montanha um pouco íngremes e vertiginosas.
Do alto do Morro Rochedinho é possível avistar as estações de trem e boa parte do complexo do Marumbi, a paisagem compensa o esforço da caminhada.
Lembre-se sempre de avisar os funcionários da administração do parque o lugar que você vai e quantas pessoas vão com você, isso é primordial para manter a segurança de todos dentro do Parque Nacional do Marumbi.
Crédito: Luís H. FritschDepois de tirar algumas fotos no alto do Morro do Rochedinho, descemos por uma outra trilha que dá acesso ao famoso Viaduto do Carvalho (Viaduto que liga os túneis 4 e 5 da ferrovia Paranaguá-Curitiba. Assentado sobre 5 pilares de alvenaria e em curva, sua posição faz parecer que o trem flutua no vazio. É um dos cartões postais mais famosos do estado).
Dali em diante seguimos pela estrada de ferro até a estação Marumbi, montamos as barracas, jantamos e por volta das 9:00 já estávamos todos acomodados para dormir.
Trilha do Pico Marumbi, considerada a trilha mais difícil do Brasil realizada em um dia!
Acordamos por volta de 5:00 horas da manhã, tomamos aquele café especial sem pressa, arrumamos as mochilas de ataque. Dentro da minha, continha cerca de 5 litros de água, 2 batatas doces, 200 gramas de amendoim, barras de cereais, de vestuário continha uma blusa x-power Solo Polartec e um corta vento Fearless Conquista Montanhismo, também levei 2 maquinas fotográficas para registar a aventura e lanterna de cabeça.
Às 7:00 da manhã demos início a caminhada, lembro de o guia Evandro Clunc falar assim “caminhe como um velho, chegue como um novo” tínhamos que caminhar devagar, mas progressivamente.
A trilha que escolhemos fazer foi a Noroeste (vermelha) para subir e alcançar os seguintes pontos: Abrolhos (1200 metros), Ponta do Tigre (1400 metros), Gigante (1497 metros) e Olimpo (1539 metros de altitude). A descida seria realizada pela trilha Frontal (Branca), veja o mapa abaixo para entender as trilhas:
A trilha possui inúmeros trechos de escalaminhada, vias ferrata, cordas e correntes de fixação, além de tudo isso a muita vegetação aos arredores das trilhas, em alguns pontos é necessário agarrar-se nas raízes e arvores para subir ou descer algum obstáculo.
Chegamos no Abrolhos em cerca de 2:30 horas de duração, uma subida um tanto inclinada, passando por cristas de morros e paredões gigantescos, a visão que se tem lá do alto (1200 metros de altitude) é incrivelmente linda, pode se falar que é recompensadora depois de tantos degraus e esforço físico para se chegar até lá.
Após alguns minutos retornamos a trilha vermelha com sentido a Ponta do Tigre, nessa parte da subida você passa pelo vale das lágrimas e chega na Catedral (tem este nome em função de um conjunto de pedras gigantescas encaixadas uma nas outras, formando uma especie de gruta enorme e imponente, neste local fizemos uma parada estratégica para repor energias.
Depois de muita subida, combatendo o medo de altura, enfrentando todo o terreno acidentado desse trajeto, chegamos a Ponta do Tigre, local onde escolhemos para almoçar.
Sentado em um gigante bloco de pedra, avistamos o Abrolhos, podíamos ver pessoas no alto daquele morro como se fossem “cabeças de percevejo”, isto nos faz pensar, o quanto somos pequenos diante dessa grandiosidade da natureza chamado Marumbi. Devemos preservar ao máximo lugares como este, para que um dia nossos filhos possam se aventurar por lugares de tirar o fôlego como são estas montanhas paranaenses.
Cerca de 30 minutos depois seguíamos para o Gigante e Olimpo, notei que o caminho entre a Ponta do Tigre e o Olimpo era um pouco menos íngreme, mas o corpo já apresentava sintomas de cansaço. Ao chegar no cume de 1539 metros, fiquei aliviado, estava no alto do Marumbi, metade do percurso estava feito, ficamos ali por cerca de 20 minutos, a neblina era intensa, não avistamos nada além de nós mesmos.
Era hora de continuar, agora seria o trajeto todo de descida, aí você se pergunta! “Agora ficou fácil, na descida todo o santo ajuda”. Digo a vocês, descer trilhas é muito mais difícil que subir, pois na descida todo o seu peso + mochila com carga está apoiada em suas pernas, joelhos e pés, é preciso tomar muito cuidado ao transpassar obstáculos, sejam eles de via ferrata, degraus ou pedras lisas, pois é muito fácil ocorrer lesões, descemos tranquilamente pela trilha Frontal (Branca).
O caminho de volta é bem mais curto do que o da ida, mas é mais íngreme, é necessário muito cuidado nas vias ferrata, desci devagar, olhando em cada lugar onde afirmar os pés, mãos e combatendo constantemente o meu medo de altura.
Essa aventura não deve ser realizada por pessoas sem preparo físico, não é indicada para pessoas com problemas de articulações ou sobrepeso. Para aqueles que querem se desafiar e combater seus medos essa é a trilha perfeita para você testar seus limites físicos e psicológicos.
Chegamos no acampamento por volta de 18:30 minutos, foram cerca de 6:30 minutos subindo e 5:00 descendo, isso em 11, 42 quilômetros, posso dizer com todas as convicções que essa trilha pode ser considerada a mais difícil do Brasil realizada em um dia.
Desbravando o Complexo Marumbi/PR
Caso você tenha interesse em fazer essa aventura com a gente, inscreva-se na edição 2019!
Baita relato! Realmente foi tudo isso somado a muita superação! Todo esforço, medo e tensão valem a pena e ficam pequenos perto da imensidão de sensações que o Marumbi lhe proporciona!! Certamente será uma travessia a qual farei novamente!! Obrigada aos companheiros de trilha por essa experiência!!
Mais difícil em um dia????
Kkkkkkkkkk
Cara vc nunca fez nada mais difícil não?
Marumbi é nível médio
Só se faz em um dia
Desculpe mas procure fazer outras
Obrigado pelo seu comentário, das trilhas que percorri até hoje ela foi a mais técnica de todas! Talvez precise percorrer outras, mas até o momento pra mim ela é a mais difícil!
É nível Difícil sim, porem da pra fazer a travessia que eles fizeram em 10 a 14 horas. Se com paradas rápidas. – É provavelmente uma das mais técnicas do Brasil. Muitas escalamancadas, muitos grampos, passagens extremamente difíceis e altamente perigosas.
– O que faz uma trilha difícil não é a extensão, sim é a exigência física e o preparo técnico aplicado pra concluir. – Quer moleza, anda em terreno plano o tempo que você quiser! E não fala bobagem. (Quer saber o significado da palavra “superação” faça essa trilha. )
Pelo jeito vc já subiu o Everest
das que é possível fazer em um dia é a mais difícil
Sempre tem o Indiana Johnes pra dizer que subiu o K2 plantando bananeira. Se não tá difícil o suficiente dá pra encher a mochila de pedras oras.
Bem isso! kkkk
Hahahhahaha. Perfeito. Sempre tem o The Best, o fodão das trilhas, que aparece pra desdenhar do trabalho que o cara teve em detalhar o caminho e as dificuldades que superou.
Caso ele ache que pedras ainda não seja o suficiente, pode subir carregando os dormentes dos trilhos.
Adilson, aponta uma mais difícil, quero matar minha curiosidade!
Bacana Luiz o seu trabalho de divulgar de forma detalhada a trilha do Marumbi. Já fiz uma vez com uma equipe, mas faz muitos anos atrás, fiquei tentado a ir novamente. Fiz duas curtinhas agora em Janeiro aqui em Piraquara (região metropolitana de Curitiba) Morro do Vigia e Morro do Canal, deu pra começar junto com meus filhos.
Legal Juliano!
Bacana seu relato Luís. frequento o Marumbi desde 1986 e já subi mais de 100 vezes o Abrolhos. Nas 100 vezes tive medo em certos pontos críticos. Quando voltar ao Paraná não deixe de ir ao Pico Paraná e ao Morro do 7.
Vlw Ricardo, obg pelas dicas!
Da para conhecer o parque e fazer a caminhada ou parte só da escalada sem ser profissional ou precisa -se de um guia?
Pode conhecer, ideal é ir em grupo, Sol de Indiada está organizando para os próximos dias uma subida. Acessa o insta deles, http://soldeindiada.com.br/